A estrada: epidemias, exploração, desestruturação social. Morte dos Yanomami do Ajarani
Em 1973, durante o governo militar, dentro do “Plano de Integração Nacional” começou a ser construída a rodovia Perimetral Norte. Relatório da Funai1 aponta que na região chegaram 2000 homens e 800 máquinas pesadas. O primeiro impacto sentido pela população da foram as mortes causadas por epidemias. Os Yanomami não tinham resistência para muitas doenças trazidas pelos trabalhadores da estrada. Segundo o mesmo relatório da Funai:
“Considerando apenas a cifra de 102 habitantes até 1973, ano do início de construção da Perimetral, temos que, em dois anos, a população decresceu em pouco mais de 40%. A diminuição seria ainda mais brutal considerando a estimativa de Migliazza, de 400, o que significaria uma queda de cerca de 84% da população.”
As mortes e convivência constante com 2000 trabalhadores levaram os Yanomami da região a vivenciarem uma série de dificuldades. Segundo o mesmo relatório da Funai:
“Além das epidemias que grassavam (vide anexo 23), o contato desordenado trouxera a mendicância, a prostituição feminina e, com esta última, a ocorrência de doenças venéreas.”
A partir desse contato catastrófico com os não-indígenas, um processo de desestruturação social teve início entre as comunidades da região. A morte de grande parte das pessoas que ali viviam tem como consequência imediata a impossibilidade da reprodução cultural dos Yanomami da região.