Carta Capital: O olhar cúmplice

Por Rosane Pavam — publicado 14/08/2015 03h27

A fotógrafa Claudia Andujar busca a empatia nas imagens que antecederam sua experiência com os ianomâmis

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Claudia Andujar

Claudia encontrou no Brasil os seres humanos a quem reverenciaria por toda a vida


Os olhos de Claudia Andujar anulam toda a crueldade. Olhos cúmplices dos homens. Em 1938, quando a fotógrafa contava 7 anos de idade, eram também olhos tristes. Seu pai, Siegfried Haas, cujo sobrenome evoca aquele de um grande fotógrafo da vida e da natureza, Ernst Haas, havia sido morto no campo de concentração de Dachau. O engenheiro vivia com sua menina, nascida suíça, em Oradea, hoje pertencente à Romênia, quando os nazistas invadiram a Hungria e dizimaram toda a família, exceto um irmão médico, migrado aos Estados Unidos.

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Uma pajelança para Claudia Andujar

Jornal Folha de São Paulo, 10/11/2010 coluna de Marcelo Leite

Quem nasceu depois de 1970 provavelmente perdeu a chance de conhecer a revista "Realidade" e, nela, o trabalho da fotógrafa Claudia Andujar, suíça de nascimento que adotou o Brasil nos anos 1950. Foi ao realizar uma reportagem sobre a Amazônia para a publicação que Andujar --um nome espanhol, recebido do primeiro marido-- conheceu os ianomâmis. E nunca mais se separou deles.

Pouca gente fez mais pelos ianomâmis. Com suas fotos, ela deu uma cara para esse povo isolado nos contrafortes das montanhas de Roraima e do sul da Venezuela. As imagens correram o mundo. Aqueles rostos serenos, orgulhosos e corajosos, com varetas de madeira graciosamente espetados junto aos lábios das mulheres, ajudaram a desfazer a impressão de "povo feroz" disseminada por uns poucos antropólogos.

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