Amostras de sangue devolvidas pela Universidade do Estado da Pennsylvania foram enterradas em cerimônia fúnebre realizada na TI Yanomami. O material foi coletado no Brasil por pesquisadores americanos, há mais de 40 anos, sem consentimento prévio e informado
Em 2008, instituições norte-americanas aceitaram devolver amostras de sangue dos índios Yanomami coletadas no Brasil, em 1967, pelo geneticista James Neel. A repatriação atendeu uma reclamação feita pelos Yanomami, em 2001, e promovida pelo Ministério Público Federal (MPF).
Em esforço realizado nos últimos dois anos, o MPF em Roraima e o Itamaraty conseguiram viabilizar a repatriação, feita pela Universidade do Estado da Pennsylvania. Um certificado de autenticidade, de março, atesta que o material devolvido é mesmo sangue dos Yanomami ou parte dele. O documento é assinado por Kenneth M. Weiss, pesquisador emérito de Antropologia e Genética da universidade.
Davi Yanomami (E) e outros indigenas recolhem amostras de sangue
O certificado concedido informa que, depois de Neel aposentar-se, ele queria preservar o material para futuras pesquisas. Em 1990, ele entregou amostras do sangue a ex-estudantes de outras universidades. Todas as amostras que estavam em posse da Universidade da Pennsylvania foram devolvidas.
Cerimônia Fúnebre
O enterro do sangue ocorreu no dia 3/4, na aldeia Piau, região do Toototobi, no Amazonas, próxima à fronteira entre Brasil e Venezuela. Cerca de 300 Yanomami participaram da cerimônia, entre moradores da aldeia, grupos aliados e familiares de aldeias vizinhas.