SEM COTAS Roraima tem 1º Yanomami a cursar Direito

Por NEIDIANA OLIVEIRA, Jornal Folha de Boa Vista

disponível em:http://www.folhabv.com.br/Noticia_Impressa.php?id=112256

anselmo
Valorização e estímulo ao povo indígena. Essa frase resume o sentimento de felicidade e conquista de Anselmo Yanomami, 26, primeiro integrante da comunidade indígena Yanomami de Roraima a ingressar em uma faculdade de Direito no Brasil, sem a ajuda da política de cotas raciais.

Marcado como um fato histórico para o Estado, para o povo Yanomami e para a instituição, Anselmo foi aprovado no vestibular 2011.2 da Faculdade Cathedral para o curso de Direito, com duração de cinco anos.

“Me sinto privilegiado e muito feliz por essa oportunidade, pois não significa apenas passar no vestibular, mas vencer um desafio, já que é a primeira vez que um Yanomami cursará faculdade de Direito no país”, disse.

Anselmo contou que desde 2001, quando ingressou no Magistério Yarapiari, desenvolvido pela CCPY/ISA na Universidade Federal de Roraima (UFRR), sentiu o desejo de fazer Direito e se tornar um profissional da área de advocacia.

“Em meio a lutas e dificuldades, consegui dar o primeiro passo, que foi passar no vestibular. Agora minha expectativa é me esforçar bastante para alcançar meu objetivo final, que é ser um advogado reconhecido no país”, enfatizou.

Para Anselmo, essa foi uma porta importante que se abriu para oferecer mais oportunidade aos indígenas. Ele lembrou que tentou por duas vezes o vestibular na UFRR, mas não conseguiu devido à concorrência.

“Como há a política de cotas, então são oferecidas apenas cinco vagas para aproximadamente 130 indígenas. Isso dificultou a realização desse sonho, mas a partir de agora vou mostrar a capacidade e a força de vontade que o povo indígena tem”, afirmou.

Anselmo acrescentou que, entre os seus interesses profissionais, se destaca o de mostrar para os outros jovens indígenas a importância do conhecimento do mundo não indígena, visando assim manter um diálogo nítido e acessível entre os povos índios e brancos.

Pela primeira vez, indígenas vão cursar a UFRR

Pela primeira vez, indígenas vão cursar a UFRR

fonte: http://www.folhabv.com.br/noticia.php?id=111534

Eles conquistaram espaço inédito na Universidade Federal de Roraima (UFRR). Nove deles, formados pelo Magistério Yarapiari - desenvolvido pela CCPY/ISA -, foram aprovados no processo seletivo dos cursos de Licenciatura Intercultural e Gestão Territorial.

O resultado do vestibular específico para indígenas, divulgado em 22 de junho pela UFRR, mostrou que entre os 13 yanomami que participaram do processo seletivo, oito foram classificados para o curso de Licenciatura Intercultural e um para o curso de Gestão Territorial no Núcleo Insikiran daquela universidade. Entretanto, os nove Yanomami que cursaram o Magistério Yarapiari desenvolvido a partir de 2000 e concluído no final de 2009, esperam ainda pela certificação (são 18 os professores formados em 2009) pelo Magistério Yarapiari e pelo seu reconhecimento oficial e sua continuidade. Os exames para a UFRR foram realizados no dia 1º de maio deste ano.

O vestibular específico para indígenas saiu a frente entre as universidades brasileiras por realizar um processo seletivo no qual os indígenas puderam realizar as entrevistas e as redações em suas línguas maternas. O resultado da avaliação de todo o grupo yanomami foi muito satisfatório. O desafio seguinte será contribuir com a UFRR para a permanência desses alunos na universidade.

O MAGISTÉRIO YARAPIARI - O Magistério Yarapiari é um curso voltado especificamente para a formação de professores yanomami. O curso foi idealizado em 2001 pela antiga CCPY como resposta ao desejo de Davi Kopenawa e outras lideranças yanomami que desejavam que suas comunidades tivessem acesso à educação escolar. Yarapiari, na língua yanomae, quer dizer espírito do sabiá, que está relacionado ao desenvolvimento da inteligência.

O Magistério sempre teve como princípios norteadores a formação política dos yanomami para defesa de seu território, língua, cultura e luta pelo reconhecimento de seus direitos. Desde 2007 a CCPY / ISA vêm buscando o reconhecimento do Magistério pelo estado, assim como a certificação dos professores yanomami formados em 2009, porém o Estado de Roraima tem se mostrado muito resistente ao reconhecimento de um curso de formação para professores indígenas que seja específico e diferenciado, como é garantido pela lei.

O Projeto Político Pedagógico do Magistério está passando pela terceira análise pela Auditoria de Ensino da Secretaria estadual de Educação (SECD) e enquanto o curso ainda não é reconhecido, a Defensoria Pública da União entrará com uma solicitação para a UFRR para que os yanomami aprovados no vestibular façam suas matrículas.

Funai diz que garimpeiros armam yanomami

garimpeiros
Ao que tudo indica, índios de Roraima estão substituindo o tradicional arco e flecha por armas de fogo. Apesar de não possuírem autorização legal para portar os armamentos, aumentam os casos de indígenas que se feriram durante o manuseio do artefato ou em troca de tiros. O administrador da Fundação Nacional do Índio (Funai), Gonçalo Teixeira, diz que as armas chegam aos índios por meio de garimpeiros, que exploram ilegalmente os minérios do território.

http://www.folhabv.com.br/Noticia_Impressa.php?id=111104

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PRESS RELEASE DA SURVIVAL INTERNATIONAL

Original em inglês -pdf

Tradução rápida da parte da Carta que fala dos Yanomami:

 

'Os Yanomami são uma das maiores tribos relativamente isoladas na America Latina. A saúde deles está sofrendo conforme milhares de garimpeiros estão trabalhando ilegalmente na terra deles, poluindo os rios deles e transmitindo doenças para as quais os índios apresentam pouca imunidade.

 

Os Yanomami estão revoltados e preocupados pela indicação de uma nova coordenadora de saúde indígena, que tem pouca relação com os índios, e que se acha é favorecido por razões políticas. Os Yanomami têm pedido muitas vezes uma reunião com o Ministro de Saúde, Alexandre Padilha, mas não tiveram uma resposta.

 

E fundamental que coordenadores de saúde que têm experiência e o apoio das comunidades, podem trabalhar na área de saúde sem serem sujeitos a influências políticas. E muito importante também que se respeita o direito dos Yanomami a serem consultados na questão de saúde, que é garantido na constituição brasileira e a Declaração da ONU sobre os Direitos dos Povos Indígenas.'

 

 

E a carta pede ao Ban Ki-moon falar sobre isto com a Presidente Rousseff.

 

 

 

 

PRESS RELEASE DA SURVIVAL INTERNATIONAL

15 de junho de 2011


Apelo para Ban Ki-moon discutir situação indígena com a Presidente Rousseff

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Survival International apelou ao Secretário-Geral das Nações Unidas, Ban Ki-moon, para discutir a situação dos povos indígenas do Brasil com a Presidente Dilma Rousseff. 



Isto segue o fracasso do governo brasileiro de implementar muitas recomendações feitas pelo relator especial da ONU para os povos indígenas, após sua visita ao Brasil em 2008.

Como parte de uma turnê latino-americana, Ban Ki-moon visitará o Brasil no final desta semana, onde deve se reunir com a Presidente.


Espera-se que Ban Ki-moon pedirá à Presidente Dilma Rousseff que tome medidas para proteger as terras dos índios isolados vulneráveis, e tribos como os
 Guarani, Awá e Yanomami, e discutirá o impacto das hidrelétricas e outros grandes 
projetos de infra-estrutura sobre os povos indígenas.

Os Guarani sofrem altos níveis de violência nas mãos de fazendeiros e a tribo 
tem uma das maiores taxas de suicídio do mundo. Grande parte de sua terra ancestral foi roubada e está sendo usada para a produção de biocombustíveis.



A sobrevivência dos Awá, uma das últimas tribos remanescentes de caçadores-coletores nômades no Brasil, está em risco, a medida que sua floresta está sendo derrubada a um ritmo alarmante, e eles não conseguem encontrar caça suficiente para se sustentar.



A saúde dos índios Yanomami está sofrendo conforme milhares de garimpeiros estão operando ilegalmente na sua terra e seu sistema de saúde está sendo submetido a manipulação política.



Survival instou Ban Ki-moon a discutir com a Presidente Rousseff a importância de proteger os índios isolados que vivem próximo das hidrelétricas de Belo Monte e do Rio Madeira, e de suspender a construção das barragens até que sua proteção possa ser garantida.


No mês passado, o governo brasileiro deu o sinal verde para a construção da hidrelétrica de Belo Monte apesar da feroz oposição dos povos indígenas e uma 
recomendação da Comissão Interamericana de Direitos Humanos que o
 projeto seja suspenso até que os índigenas tenham seus direitos respeitados.

O diretor da Survival International, Stephen Corry, disse hoje, ‘Visto que o Brasil procura desempenhar um papel maior na ONU, deve mostrar ao mundo que respeita as leis e normas internacionais que assinou, especialmente aquelas relacionadas aos grupos menores e mais vulneráveis na sociedade.’


Para mais informações e imagens, por favor entre em contato com Sarah Shenker (em inglês ou português) no telefone (+44) (0)20 7687 8735 ou por email This email address is being protected from spambots. You need JavaScript enabled to view it.

Survival International
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London EC1M 7ET
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