Supervalorização do ouro afeta comércio

Por ANDREZZA TRAJANO, Jornal Folha de Boa Vista
Disponível em:http://www.folhabv.com.br/Noticia_Impressa.php?id=114809

 

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A valorização exagerada do ouro, tão comentada mundialmente nos últimos dias, trouxe também reflexos para Roraima. Quem vive do comércio legal ou paralelo diz que o aumento no preço do metal afetou negativamente os negócios. Já os indígenas afirmam que cresceu a garimpagem ilegal em seus territórios.  

O ouro ficou parado de 1990 até 1996, em US$ 400 a onça (o equivalente a 31,1 gramas), permanecendo assim até começar a subir perto da crise de 2008. Em 2009, a onça estava US$ 913. Em dois anos, dobrou o valor do ouro, principalmente nos últimos tempos: US$ 1.830 a onça.

Há dois anos o grama do metal era comercializado na “rua do ouro”, tradicional ponto de compra e venda localizada no Centro de Boa Vista, ao preço de R$ 48,00. Agora, é vendido entre R$ 84,00 e R$ 96,00.

A reportagem conversou com alguns comerciantes do local. Todos pediram para não serem identificados, por temerem represálias, já que a compra do ouro sem procedência é ilegal.

Um deles relatou que do mês passado para este mês, o grama do ouro subiu de R$ 71,00 para R$ 86,00. Ele afirma que não dá para enriquecer com o negócio, mas o lucro é suficiente para manter a família.

O homem disse que evita perguntar sobre a procedência do ouro, mas admitiu ter conhecimento que o metal vem da Guiana, Venezuela e de terras indígenas.

Segundo ele, o ouro que entra em Roraima é pouco, algo em torno de 10 gramas ou no máximo 50 gramas por garimpeiro. No momento em que a Folha conversava com ele, dois garimpeiros chegaram ao estabelecimento para vender o metal. “Quilo só vimos na década de 90, durante a corrida do ouro”, disse.

A pequena quantidade comercializada é em razão da fiscalização feita pela Polícia Federal nas fronteiras. “Muitos garimpeiros que trabalham na Guiana optam por vender lá mesmo, porque temem perder tudo na fiscalização feita pela PF, no momento em que entram no Brasil. Só que quando fazem o câmbio da moeda para o real, perdem parte do lucro, por isso alguns arriscam”, contou.

Outro comerciante disse à reportagem que a valorização do ouro reduziu as vendas, já que os produtos ficaram mais caros. Ele disse que há três meses o grama do ouro custava R$ 72,00, mas que agora compra a R$ 86,00.

“Uma aliança de cinco gramas, por exemplo, está R$ 90,00 mais cara. Sem contar que o meu trabalho feito hoje é o mesmo de dois anos atrás, só que com custos mais elevados”, enfatizou.

 

Indígenas dizem que valorização gerou corrida a garimpos ilegais instalados na reserva Yanomami

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Davi Yanomami: “Todos os dias tem uma média de seis voos não autorizados para a reserva Yanomami”

Com a supervalorização do preço do ouro, consequentemente aumentou a corrida pelo metal também nas áreas indígenas. A afirmação é do presidente da Hutukara Associação Yanomami, Davi Kopenawa, que constantemente denuncia a ampliação de garimpos ilegais na reserva.

Segundo ele, pelo menos 1.500 garimpeiros atuam no território. Os principais garimpos estão instalados nas regiões do Paapiú, Baixo e Alto Rio Mucajaí, Kayanau, Uxiú, Xitei, Homoxi, Parafuri, Waikás e nas cabeceiras dos rios Mucajaí, Catrimani e Uraricoera.

Kopenawa diz que tem formalizado denúncias junto aos órgãos competentes e pedido providências, mas pouco ou nada tem sido feito para solucionar o problema.

“Todos os dias tem uma média de seis voos não autorizados para a reserva Yanomami. Lojas têm vendido muitos materiais para garimpo. Pistas clandestinas foram reabertas. Só falta as autoridades pararem de dizer que estão fazendo trabalho de inteligência e efetivamente tirarem os garimpeiros da nossa terra”, ponderou.

Além da exploração da terra, ele destaca que todo o habitat dos índios está sendo afetado. Os rios estão poluídos pelos materiais empregados na garimpagem, como o mercúrio, os animais estão morrendo e os indígenas ficando doentes.

“As águas dos rios estão contaminadas, os peixes estão com a carne amarela e o nosso povo está contraindo todas as doenças dos homens brancos. Tem índios adoecendo de câncer por causa do mercúrio lançado nos rios”, informou.

INVASÃO - De acordo com o líder indígena Davi Kopenawa, os garimpeiros têm armas, radiofonia, aparelhos de TV e outros utensílios dentro da reserva Yanomami, o que demonstra que não temem as autoridades.  

Ele lembrou uma ação ousada dos garimpeiros registrada no começo deste mês, quando eles invadiram a comunidade Yoxianapii, na região do Paapiú, na terra Yanomami, e levaram medicamentos do posto de saúde.

Exploração mineral em terras indígenas é ilegal

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Equipamentos de garimpagem apreendidos pela Polícia Federal em área indígena

A exploração mineral em terras indígenas não é permitida, por falta de regulamentação do artigo 231 da Constituição Federal, que condiciona a pesquisa mineral em áreas indígenas à autorização do Congresso Nacional. Há pelo menos dois anos a regulamentação é discutida entre os parlamentares.

A Folha tentou ouvir o administrador da Fundação Nacional do Índio (Funai), André Vasconcelos, sobre a garimpagem ilegal na terra Yanomami, mas foi informada que ele está em Brasília, a trabalho.

Sobre a questão, a Polícia Federal informou que tem realizado diversas operações para combater o garimpo ilegal na terra Yanomami, inclusive em conjunto com o Exército Brasileiro, e continua investigando qualquer ilícito em área indígena, seja entrada de garimpeiros, de armas ou drogas.


Supervalorização do ouro afeta comércio (arquivo doc)

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UFRR é a primeira universidade pública a receber índios da etnia Yanomami no Ensino Superior

Pela primeira vez na história, uma universidade pública vai receber integrantes do povo Yanomami, considerado um dos mais isolados da região amazônica.
Neste ano de 2011, nove indígenas dessa etnia, foram aprovados no vestibular da UFRR, por meio do Instituto Insikiran de Formação Superior Indígena. O resultado foi publicado este mês.

Oito deles vão cursar Licenciatura Intercultural a partir do próximo mês de janeiro e um deles cursa Gestão Territorial.
Dário Vitório Kopenawa Yanomami tem 26 anos e é filho do líder Davi Kopenawua, reconhecido mundialmente pela defesa e luta das direitos dos povos indígenas e suas terras.
Ele iniciou a vida universitária neste mês de agosto na Universidade Federal de Roraima e é oficialmente o primeiro Yanomami a frequentar uma faculdade pública.

Esta é mais uma conquista para esse povo, que tem uma trajetória marcada por lutas e batalhas pelo direito e pelo respeito à Terra e aos Yanomami. Um marco também para a UFRR que afirma e concretiza o seu compromisso com a Educação regional e com a sociedade, no papel de agente de formação de profissionais e de pessoas para o mundo.

Organização yanomami protesta contra criação de unidade de conservação em sua terra

Chefe da Flona Amazonas diz que UC já foi criada e o que será discutido agora é o conselho gestor da área.
Amazonas, 12 de Agosto de 2011
ELAÍZE FARIAS

Disponível em: http://acritica.uol.com.br/amazonia/Amazonia-Amazonas-Manaus-Organizacao-yanomami-protesta-criacao-conservacao_0_534547644.html

Leia o Documento Hutukara: Carta Hutukara nº 014/11
Assunto: Reunião Conselho Consultivo FLONA AMAZONAS

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A Hutukara Associação Yanomami, com sede em Boa Vista (RR), divulgou nota sexta-feira (12) para protestar contra a criação da Floresta Nacional do Amazonas (Flona) na terra indígena localizada na região dos municípios de Barcelos e Santa Isabel do Rio Negro, no Amazonas.

A Flona Amazonas, na realidade, já foi criada. Ela está sobreposta na TI Yanomami e tem uma extensão de 1,5 milhões de hectares.

Ela foi instituída em 1989, mas somente há dois anos, com a criação de um escritório no Amazonas, é que começou a ser debatido o processo de criação gestora.

Já a Terra Indígena Yanomami (TIY) foi homologada em 1991 e abrange áreas no território de Roraima e norte do Amazonas.

O protesto da Hutukara ocorre após o anúncio de uma reunião marcada para o próximo dia 30, em Barcelos, promovida pela chefia da Flona Amazonas, cuja titular é a analista ambiental Keuris Silva, funcionária do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio).

Ameaças

Na nota, o diretor da Hutukara Dário Vitório Kopenawa, que é filho do principal líder yanomami, Davi Kopenawa, diz que a TIY foi demarcada em 1991 e homologada em 1992 e até hoje tem invasores em seu território. Esses invasores são fazendeiros e garimpeiros, segundo ele.

O receio dos yanomami, conforme a nota, é que, com a criação da Flona Amazonas o ICMBio incorpore não-indígenas na área, “abrindo perspectivas de mais invasões na TIY”.

“Reafirmamos que a TIY não precisa de sobreposição, de criação de Flona. Precisa sim que o Governo Federal tenha vergonha e defenda a TIY dos invasores do passado e do presente e garanta a proteção territorial permitido assim que os Yanomami e Ye´kuana sobrevivam com o nosso modo de vida e cultura. Flona Amazonas é incompatível com a nossa cultura e com a história do povo Yanomami e Ye´kuana”, diz a nota.

Gestão

Procurada pelo portal acritica.com, Keuris Silva, disse que os indígenas que se manifestam contra a Flona Amazonas precisam receber mais esclarecimentos sobre a reunião do dia 30.

Keuris afirmou que não teve acesso à nota enviada à imprensa (o ofício também foi destinado à ela) por isso não poderia comentar seu teor.

“A Flona já foi criada, mas estava faltando o conselho da unidade de gestão. É isso que queremos discutir. O fato da unidade ser sobreposta não significa tiras os direitos dos índios. Nosso trabalho é fortalecer a área”, disse Kauris.

A Flona Amazonas tem categoria de uso sustentável, que permite a presença e moradia de pessoas. Ou seja, não é restritiva. No entanto, neste caso, conforme Kauris, as pessoas em questão são apenas os indígenas yanomami. Não indígenas não serão autorizados.

Conforme a chefe da Flona, com a instituição do conselho da unidade gestora será possível fortalecer as ações em benefícios dos moradores, já que a gestão é compartilhada e participativo.

“Poderão atuar juntos o ICMBio, a Fundação Nacional do Índio, a Secretaria Especial de Saúde Indígena, a Fundação de Vigilância em Saúde. O Conselho é um instrumento de administração para ajudar na gestão”, explicou.

 

Garimpeiros atacam aldeia indígena yanomami e furtam remédios de posto de saúde

Manaus , 04 de Agosto de 2011  por ELAÍZE FARIAS

Disponível em: http://acritica.uol.com.br/amazonia/Amazonia-Amazonas-Manaus-Balsa-Terra-Indigena-Yanomami-Roraima_0_529747408.html

Organização indígena yanomami e Funai afirmam que presença de garimpeiros aumentou nos últimos três anos

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Indígenas aldeia yanomami Yoxianapii, da região do Papiú, em Roraima, denunciaram nesta quinta-feira (04) que um grupo de garimpeiros invadiu o posto de saúde da comunidade e levou os medicamentos existentes no localSegundo a Hutukara Associação Yanomami (Hay), com sede em Boa Vista (RO), que relatou a denúncia ao portal acritica.com, a presença de garimpeiros na Terra Indígena Yanomami tem se intensificado e preocupando os indígenas.

O diretor da Hutukaran, Dário Kopenawa, disse que duas lideranças indígenas da região de Papiú, onde fica a aldeia Yoxianapii, relataram, por radiofonia, que o ataque dos garimpeiros munidos de espingarda aconteceu na última segunda-feira (01).Segundo Dário, os indígenas informaram que os funcionários do Distrito Sanitário Yanomami (Dsei-Y) ficaram com bastante medo. “Eles disseram que os funcionários não fizeram nada, nem avisaram os Coordenadores do DSEI-Y em Boa Vista”, afirmou ele.

Conforme o diretor da Hutukara, os yanomami da região participavam de uma cerimônia na aldeia Yoxianapii. No local havia poucos indígenas perto do posto e da pista de pouso de aviões.“Alguns indígenas tentaram ir atrás dos garimpeiros, porém as lideranças da região não autorizaram que eles fossem atrás dos garimpeiros, porque podia haver mortes”, informou.Dário Kopenawa afirmou que os indígenas  comunicaram também que os garimpeiros estão constantemente furtando também as roças, levando as bananas e macaxeira, deixando os yanoammi sem comida.

O que surpreendeu as lideranças é o fato dos funcionários do posto de saúde não terem comunicado o fato ao Dsei-Y, em Boa Vista.Procurada pelo portal acrítica.com, a diretora do Dsei-Y, Joana Claudete Schutz, afirmou que soube do ocorrido nesta quinta-feira, por meio da Hutukara. Ela contou que entrou em contato com os funcionários do posto mas estes informaram que “estava tudo normal” no posto.“Não sei se eles falaram isso por medo dos garimpeiros ou outra coisa. Mas a gente vai investigar sobre o que aconteceu. Eles podem estar assustados”, informou.

O coordenador da Frente de Proteção Etnoambiental Yanomami e Ye´kuana, da Fundação Nacional do Índio (Funai), Michel Idris da Silva, confirmou que a presença de garimpeiros voltou a aumentar nos últimos três anos na Terra Indígena Yanomami, em Roraima, e que ações já estão sendo articuladas para combater a presença. Ele preferiu não dar detalhes sobre essas ações, por questões estratégicas.A respeito do ataque de garimpeiros na aldeia, nesta semana, Idris disse o Dsei-Y não comunicou nada a respeito, mas que a Funai vai apurar a situação para confirmar os dados.