NOTA PÚBLICA DA HAY DE REPÚDIO À PORTARIA 303 DA AGU

A Hutukara Associação Yanomami – HAY, associação sem fins lucrativos, constituída com o fim de defender os direitos e interesses deste povo, apesar  da HAY já ter se manifestado em conjunto com a Rede de Cooperação Alternativa – RCA, dada a gravidade do ato para os povos indígenas do Brasil, vêm a público manifestar a sua preocupação com a edição da Portaria 303, elaborada pela Advocacia Geral da União e publicada no Diário Oficial em 16 de julho de 2012 e o contexto em que ela se insere.

A Portaria da AGU tem a intenção de tornar regra para os órgãos da Administração Pública Federal direta e indireta as condicionantes da decisão do Supremo Tribunal Federal sobre o caso da demarcação da Terra Indígena Raposa-Serra do Sol (RR), em 2009.  A pretexto de interpretar a sua decisão a Portaria afronta a maior Corte do Judiciário que já se manifestou no sentido de que a decisão deste caso não é súmula, portanto não vincula outras decisões judiciais, muito menos administrativas.

Salvaguardas criadas para dar aplicabilidade na decisão específica daquele caso, que ainda estão sujeitas a decisões de embargos e não passaram pelo crivo do contraditório, pela Portaria passam a ser obrigatórias para o país.  Pela Portaria a AGU impõe, por exemplo, a supressão da obrigação da União de realizar consulta aos povos indígenas afetados  em empreendimentos como abertura de estradas e construção de hidrelétricas, assim como instalação de unidades militares, quando tais empreendimentos forem considerados “estratégicos” pelo Ministério da Defesa e pelo Conselho de Defesa Nacional.   
Este ato arbitrário, autoritário e inconstitucional acontece num contexto de grave retrocesso na garantia dos direitos indígenas. Nos preocupa que setores reacionários estejam encontrado ressonância dentro do governo federal , que tem por obrigação garantir e fazer respeitar nossos direitos. Já enfrentamos o poder a e a violência nos estados federais em que habitamos. É inadmissível e que um órgão como a AGU viole os direitos indígenas que foram consagrados na Constituição de 1988 e que constam em instrumentos internacionais, dos quais o Brasil é signatário e se comprometeu a respeitar.
Solicitamos assim a revogação da Portaria 303 e pedimos que a Presidenta da República não mais permita, por meio de outros órgãos da União, como o Ministério da Justiça, cedam aos interesses anti-indígenas e  atentem contra nossos direitos. Somos os povos originários do Brasil, lutamos muito para ter nossos direitos respeitados e lutaremos mais para sermos escutados e participarmos de uma sociedade brasileira realmente democrática.
Boa Vista - RR, 24 de  julho de 2012.


Davi Kopenawa Yanomami                                                 
Hutukara Associação Yanomami – HAY

Notícias sobre Portaria do Governo Federal que manipula decisão do STF

Leia a Portaria 303 parte1 parte2

Notícias relacionadas:

Entidades indígenas anunciam mobilização

Disponível em:http://www.folhabv.com.br/noticia.php?id=133759

 

Índios cada vez mais distantes deste “Brasil rico e sem miséria”
Disponível em:
http://acritica.uol.com.br/blogs/blog_da_elaize_farias/Indios-distantes-Brasil-rico-miseria_7_739796016.html


ONGs declaram guerra à portaria da AGU sobre terras indígenas e acusam governo de autoritário

http://blogs.estadao.com.br/roldao-arruda/ongs-declaram-guerra-a-portaria-da-agu-sobre-terras-indigenas-e-acusam-governo-de-autoritario/

Nota de repúdio à portaria do Governo Federal que manipula decisão do STF
http://www.cimi.org.br/site/pt-br/?system=news&conteudo_id=6379&action=read

Continue Reading

Revista Trip: Davi Kopenawa Yanomami Pouco conhecido em seu próprio país, ele é a mais respeitada liderança indígena brasileira

13.07.2012 | Texto por Lino Bocchini, de Boa Vista    

Disponível em: http://revistatrip.uol.com.br/revista/212/paginas-negras/davi-kopenawa-yanomami.html#10


Capa

Pag1 - Pag2 - Pag3 - Pag4 - Pag5 - Pag6 - Pag7 -Pag8 -Pag9 - Pag10 - Pag11 - Pag12

Pouco conhecido em seu próprio país, Davi Kopenawa Yanomami é a mais respeitada liderança indígena brasileira. Já foi premiado pela ONU, garantiu um território maior que Portugal para seu povo e tem biografia best-seller em francês. Em sua maior entrevista já publicada, fruto de dois dias de conversa, Davi fala da vida, da natureza e da falta de esperança no futuro: “Não tô triste não, eu tô revoltado”.

Difícil não sentir certa culpa conversando com Davi Kopenawa Yanomami. Durante os dois dias em que a reportagem da Trip acompanhou a rotina da principal liderança indígena brasileira, ele não aliviou em nada a barra pra nós, homens brancos, ou napë: aponta para a aliança do repórter para exemplificar como estamos acostumados com ouro, prata e outras riquezas naturais que vêm, por exemplo, do garimpo que há séculos destrói terras indígenas e mata seu povo. Não vê esperança no futuro, seja de índios ou do que chama de povo da cidade: “Ou vamos morrer queimados, ou vamos morrer afogados”. Critica todos os governantes do Brasil e do exterior, de ontem e de hoje, e acha que na Rio+20 não tiveram interesse em ouvi-lo. Não se cansa de repetir que os índios nunca foram respeitados e que brancos não entendem a importância de preservar a natureza. “Pra que vocês vão pra escola? Pra aprender a ser destruidor? Nossa consciência é outra. Terra é nossa vida, sustenta a barriga, é nossa alegria. É boa de sentir, olhar... é bom ouvir as araras cantando, as árvores mexendo, a chuva.”

Davi Kopenawa tem (estimados) 58 anos, vive na região da Serra do Demini, onde nasceu, perto da fronteira entre Amazonas e Roraima com Venezuela. Fica no hemisfério norte do globo, e lá se chega depois de duas horas de voo com um monomotor a partir de Boa Vista ou então após uma jornada de dez dias de barco da capital roraimense. Kopenawa viu de perto pai, avós, tios e praticamente toda sua família e centenas de outros “parentes” (como chama os demais Yanomami) morrerem de doenças vindas do contato com não indígenas. Parte chegou com missionários evangélicos que viveram em sua tribo por anos, e que quase o fizeram trocar as pajelanças por Jesus. Davi sobreviveu a essas epidemias e, adolescente, conseguiu libertar-se das crenças brancas e também resistir às tentações da cidade. Hoje é intérprete da Funai, pajé, chefe do posto indígena de sua região e presidente da Hutukara Associação Yanomami – “uma embaixada indígena junto ao homem branco”, explica.

Continue Reading

Convite Lançamento da Revista Trip de Julho/2012

Convite Lançamento da Revista Trip de Julho/2012  que tem como capa Davi Kopenawa Yanomami e uma entrevista com 12 páginas com a liderança Yanomami.

Veja o convite

1341588847trip-212-capa-v1

A Diretoria da Hutukara convida esta instituição para participar do Lançamento da Revista Trip de Julho/2012 que tem como capa Davi Kopenawa Yanomami e uma entrevista com 12 páginas com a liderança Yanomami.

Continue Reading