Quartiero critica participação do Exército em operação para retirada de garimpeiros

Por VANEZA TARGINO

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A participação do Exército Brasileiro na ação de retirada de garimpeiros da terra indígena Yanomami foi tema de entrevista com o deputado federal Paulo César Quartieiro (DEM), no programa Agenda da Semana, na Rádio Folha 1020 AM, apresentado ontem pelo administrador Marcelo Nunes. Para ele, a atuação das Forças Armadas deve ser pelo nacionalismo e patriotismo do Brasil, fato que, segundo ele, ocorreu durante a discussão da legalidade da demarcação da Raposa Serra do Sol, quando os militares não apoiaram a retirada dos não índios da área.

O deputado federal explicou que a população brasileira tem orgulho das Forças Armadas, pois seus familiares estão introduzidos nela. “É o povo fardado e o povo sempre deposita suas esperanças nele”, destacou, ao lembrar que hoje o Exército vem atuando junto com a Polícia Federal, Fundação Nacional do Índio (Funai) e Instituto Chico Mendes na retirada dos garimpeiros.

“Essas instituições são bandidas, pois atuam contra os interesses no nosso país e dos interesses internacionais. A PF é uma polícia política e não está a serviço da nação brasileira e do governo de plantão. Já a Funai, Incra [Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária] e Chico Mendes trabalham contra nós. Agora o Exército se incorpora junto com esses bandidos e nos trai. Vi a explanação ontem [sábado], combatendo contra o povo de Pacaraima, que vive sitiada”, criticou.

Ele citou que várias pessoas teriam sido perseguidas em Pacaraima. Citou o caso de um trabalhador artesanal de pedras preciosas que tenta por seis anos legalizar a atividade. “São pecuaristas, agricultores e pessoas que querem trabalhar. Acho um absurdo prender os garimpeiros. Foram mostradas as pessoas escondidas dentro do buraco para conseguir achar ouro e sobreviver. São pessoas que não têm emprego, não têm dinheiro, não têm agricultura, pois perdemos 60% da nossa produção”, analisou Quartiero.

Para o deputado, o governo federal deve fazer os investimentos que foram prometidos no acordo para a demarcação da área Raposa Serra do Sol. “A região é inóspita para tentar sobreviver e manter os filhos. Vai a polícia com Exército, usando helicópteros e armamentos para retirar essas pessoas. Por que não usam esses recursos para cuidar dos índios Ingaricó e Macuxi que estão morrendo de beri-béri, que na verdade é fome e inanição. Por que não usam esses recursos para atender os índios que estão morrendo de doença e forme? Por que não encontram soluções?”, questionou Paulo César.

Na sua avaliação, a Polícia Federal deveria investigar os recursos aplicados na saúde indígena por ONGs contratadas para fazer esse serviço. “Até denunciei na tribuna da Câmara Federal, porque as doenças são endêmicas e não se faz nada. Os índios Yanomami também estão morrendo de doenças e por falta de alimento. Essas ONGs desviam o dinheiro que era para ser usado na saúde indígena. É procurar soluções e não causar mais terror na vida dos brasileiros, de garimpeiros que estão trabalhando”, assegurou.

Paulo Cesar declarou que os produtores e pecuaristas em Roraima estão decepcionados e não conseguem investir por falta de agilidade dos órgãos que emitem licença para plantar ou fazer qualquer atividade. “O governo utiliza seus instrumentos para interesse pessoal, perseguir os inimigos e entregar título aos amigos. Hoje conversei com fazendeiro muito conhecido e atuante. Ele voltou, desistiu de plantar soja porque não conseguiu a licença ambiental”, revelou.

Para ele, investir em Roraima não é vantajoso e dessa forma o Estado não vai conseguir fomentar a agricultura, pois não existe segurança jurídica. “Quem quer plantar não consegue a licença. Já disse que estou pronto para colaborar com o governo e observar o interesse de Roraima, mas aqui não tem futuro”.

O deputado salientou que conhece brasileiros que estão se mudando para Serra Leoa, na África, para garimpar.