FBV: Yanomami de 12 anos passa por tratamento após tortura cometida em trabalho escravo

5_22_2014YASMIN GUEDES
Editoria de Cidade


O indígena de 12 anos, identificado como A. Y., que foi encontrado pela Polícia Federal durante a operação Kratiras, realizada na última quinta-feira, dia 15, com marcas de maus-tratos foi encaminhado para a Casa de Apoio de Saúde Indígena (Casai), onde será acompanhado por equipes médicas e de assistência social. As marcas teriam sido provocadas por um oleiro, que o teria contratado para trabalhar na confecção de tijolos na Vila Vintém, após a ponte dos Macuxi, sentido Cantá.

Conforme o coordenador da Indígena Yanomami Yekuana da Funai (Fundação Nacional do Índio), João Catalano, o garoto informou que estava com a família na Feira do Produtor, quando recebeu a proposta do oleiro para trabalhar e ganhar dinheiro e, assim, ajudar a família. “O Conselho Tutelar o deixou na nossa responsabilidade, pois nós temos a curatela especial da criança indígena”, informou, destacando que o menino estava desnutrido, machucado e com marcas no corpo como se tivesse sido amarrado.

Após a alta médica, o indígena será reintegrado na família, que vive na região do Ajarani, no município de Caracaraí. “Mandaremos o relatório ao Conselho Tutelar depois. Esse é o papel da Funai, acompanhar qualquer criança e adolescente indígena que se encontra em risco aqui na cidade”, lembrando que, conforme os relatos do menino, a agressão mais grave que teria ocorrido foi após o indígena pedir uma camiseta para vestir. “Segundo os relatos, o oleiro deu uma surra no menino”.

O coordenador destaca o fato de que várias pessoas aproveitam a vinda dos índios para Capital para contratar mão de obra barata. “Nós queremos alertar que criança e adolescente não podem trabalhar de forma alguma e os maiores de 14 anos, só na condição de aprendiz”, frisou, afirmando que é prática comum no estado muitos índios serem contratados e receberem comida ou bebida alcoólica como forma de pagamento, caracterizando trabalho escravo.

Ele afirmou que no município de Caracaraí a situação que envolve os índios Yanomami é complicada, pois o acesso e o contato com não índios ocorreram de forma rápida. “O nosso desafio é tentar diminuir as ações de turbulência naquele município. Nós temos um servidor permanente na reserva e temos um desafio muito grande para tentar gerar a renda para eles lá dentro”, comentou, observando que não é a primeira vez que a Frente recebe denúncias de maus-tratos a crianças e adolescentes e trabalho escravo. “A gente vai cobrar do prefeito, do Serviço Social, pois não é uma responsabilidade só da Funai, mas do Estado e do Município também”, ressaltou.

CARACARAÍ – A Folha tentou contato com a Prefeitura de Caracaraí para saber se os gestores têm conhecimento do problema com indígenas e se estariam fazendo algo para coibir a situação. No entanto, as ligações iam diretamente para a Caixa Postal do telefone registrado na Redação.