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Índios Yanomami sofrem com seca e queimadas no interior de Roraima

Sem chuva há 1 mês, Terra Yanomami tem rios secos.
Ibama mantém brigadistas para controlar chamas na região.

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Emily CostaDo G1 RR, com informaçõeas da Rede Amazônica em Roraima

 Sem chuva há mais de um mês, a maior reserva de índios do país, a Terra Indígena Yanomami (TIY), em Roraima, sofre com os efeitos da mais intensa estiagem dos últimos 20 anos no estado. "Queimadas estão acontecendo na floresta e os rios menores já secaram", relata Dário Kopenawa, coordenador de políticas públicas da Hutukara Associação Yanomami.

A Terra Yanomami tem 9, 664 milhões de hectares e se sobrepõe às áreas dos municípios de Iracema, Caracaraí, Amajari e Alto Alegre, segundo a Fundação Nacional do Índio (Funai). Todos estão em situação de emergência por causa da estiagem e dos incêndios florestais.


Conforme o indígena, o risco de falta d'água preocupa as lideranças da região, que foram orientadas pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) a controlar as queimadas. De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), mais de 27 mil índios vivem na TIY.

"Nos avisaram que a situação está perigosa, porque sem água não poderemos apagar grandes queimadas. Então, orientamos nossas comunidades para que evitem as queimadas, e até as crianças estão proibidas de brincar com fogo", declarou Dário Kopenawa.

Segundo ele, a seca atinge também a floresta e afeta a paisagem da Terra. "Está muito seco. As folhas das árvores estão extremamente secas, o que gera um risco ainda maior de grandes queimadas ocorrerem na área", explicou.

Brigadistas combatem queimadas
Há oito dias, brigadistas e técnicos do Ibama trabalham para conter as queimadas na região de Catrimani, em Caracaraí. Eles trabalham no meio da floresta e enfrentam dificuldades para conseguir água e apagar o fogo.

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"Há escassez quase total de água tanto para o nosso trabalho, quanto para nós bebermos. Além disso, o vento propaga o fogo e caminhamos por grandes distâncias para chegar aos locais onde há fogo", detalha o técnico do Ibama Hélio Monteiro.

Conforme o coordenador do Prevfogo, Joaquim Parimé, nesta segunda-feira (1º), 14 homens do Ibama trabalham na região para combater os focos de calor. Na área onde eles trabalham, só é possível chegar de helicóptero.

Seca histórica
Segundo a Fundação Estadual do Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Femarh), a estiagem enfrentada pelo estado é a mais intensa dos últimos 20 anos.

O Rio Branco, que é o principal do estado, chegou à marca histórica de - 50 centímetros nesta segunda. Até então, os níveis mais baixos tinham sido registrados em 1998 e 2003, quando o rio chegou a 12 e 10 cm, respectivamente.

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"Podemos afirmar que essa é a maior estiagem da história. Temos uma equipe em campo e a situação está alarmante. No rio Uraricoera, a sessão de régua da CPRM que tem 20 anos de marcação de dados está na última régua. Isso é uma coisa que nunca tinha acontecido", disse em entrevista ao G1, o diretor de recursos hídricos da fundação, Rogeano Gonçalves.

A governadora do estado, Suely Campos (PP), decretou emergência em 13 dos 15 municípios de Roraima. No Sul do estado, há produtores tendo prejuízos, e animais silvestres morrendo devido às queimadas e a falta d'água. Uma campanha reúne donativos para famílias afetadas pelos incêndios nos municípios do estado.