Servidores recebiam propina mensal de garimpeiros, diz Polícia Federal.
Funai informou que aguardará os resultados das investigações.
Dois servidores ligados à Fundação Nacional do Índio (Funai) foram afastados dos cargos durante a operação 'Warari Koxi', deflagrada em Roraima e mais quatro estados nesta quinta-feira (7) para combater e desarticular uma organização criminosa que agia na extração ilegal de ouro e pedras preciosas nas terras da Reserva Yanomami, na região de Boqueirão e Uraricoera, extremo Norte de Roraima.
Os servidores, conforme a Polícia Federal (PF), são o coordenador-geral da Frente de Proteção Yanomami e Ye'kuana, João Catalano, e o chefe da coordenação técnica local, Paulo Gomes da Silva. A participação deles no esquema, conforme a delegada responsável pelo inquérito, Denisse Silveira, era avisar às pessoas que atuavam nos garimpos ilegais sobre operações policiais em troca de propina.
"Foi detectado durante a investigação o envolvimento de funcionários públicos, dentre eles dois funcionários da Funai, e foi solicitado afastamento até o término da investigação. Segundo a investigação, eles cobravam propina dos garimpeiros para que os órgãos de fiscalização não atuassem na região, avisando-os antecipadamente caso a polícia fosse até o local. Então haveria um pagamento de propina mensal para que pudesse permitir essa exploração na região na terra indígena", disse a delegada.
Além dos servidores da Funai, outros três servidores públicos também foram conduzidos à Polícia Federal, porém os nomes dos órgãos aos quais eles são ligados não foram revelados à imprensa.
Ao todo, a operação da Polícia Federal executou 313 medidas judiciais, sendo 98 mandados cumpridos em Roraima, dentre eles 92 de busca e apreensão, cinco de condução coercitiva e um de prisão. Ainda na operação, 26 lojas foram fechadas pela PF.
A extração ilegal de ouro na Terra Indígena Yanomami gerou cerca de R$ 1 bilhão em movimentações ilegais entre os anos de 2013 e 2014 nos estados de Roraima, Amazonas, Rondônia, Pará e São Paulo, segundo dodos informados pela Polícia Federal.
Servidores
O G1 entrou em contato com os servidores supostamente envolvidos no esquema do garimpo ilegal, porém as ligações não forma atendidas.
Funai
Em nota, a Funai informou que está acompanhando a operação 'Warari Koxi', deflagrada pela Polícia Federal, e aguardará os resultados das investigações.
Operação
Estão envolvidos na operação cerca de 150 policiais federais, de várias regiões do país, além de equipes da Polícia Militar e agentes do Instituto Brasileiro de Meio Ambiente (Ibama), que atuam no apoio à 'Warari Koxi'.
A PF informou que a organização criminosa investigada é formada por empresários, funcionários públicos, donos de garimpos, joalheiros e pilotos de avião, responsáveis pela implantação de garimpos de ouro, minerais de uso industrial e outras pedras preciosas em reserva Yanomami.
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