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'Eu não quero morrer à toa', diz Davi Kopenawa em Paraty

Líder ianomâmi ameaçado de morte diz que até agora não recebeu proteção da polícia


Por Maurício Meireles
O Globo

7_31_2014

Uma mulher ianomami e seu filho: grupo étnico vive sob ameaça - Scott Dalton/The New York Times / Divulgação

Ameaçado de morte por garimpeiros, o líder ianomâmi Davi Kopenawa chegou nesta quarta-feira à Festa Literária Internacional de Paraty (Flip) e está hospedado —por uma ironia sombria — na Pousada do Ouro. Conhecido internacionalmente por sua militância, ele diz que as atuais ameaças são as mais graves que já recebeu e, por isso, teme pela segurança do filho. Kopenawa também denuncia o que seria uma negligência das autoridades em oferecer proteção a ele e seus colaboradores.

— Fui denunciar as ameaças ao delegado da Polícia Federal em Boa vista, mas acho que ele não está interessado em ajudar o povo indígena. Disse que não podia prometer nada para nos proteger — afirma Davi. — Então estou sem proteção das autoridades. Estou protegido por nós mesmos. Sem armas.

O líder indígena passou um mês com "sua comunidade", afastado da cidade, onde, diz ele, os garimpeiros não podem encontrá-lo. Mas afirma estar preocupado com seu filho, que também milita pelos direitos ianomâmi.

 



— Eu não tenho medo deles, mas não quero morrer à toa, sem fazer nada. Meu trabalho é lutar para defender meu povo. A minha luta é para defendê-lo e preservar a natureza — diz Davi. — Eu gostaria muito que a Funai conversasse com a Polícia Federal, que tem o dever de proteger qualquer pessoa. Todas as pessoas que trabalham comigo estão sem proteção.

A Hutukara Associação Yanomami (HAY), organização presidida por ele, divulgou quarta-feira uma carta aberta em que conta que um diretor da HAY foi informado por garimpeiros que Davi "não chegaria vivo até o fim do ano". A sede do Instituto Sócio-Ambiental também foi assaltada por homens armados, que levaram computadores e outros equipamentos eletrônicos. As duas organizações têm sido rondadas por motoqueiros. A causa provável apontada na carta é o fato de a HAY colaborar com investigações da Funai e da Polícia Federal para expulsar o garimpo da terra ianomâmi.

— Eu fico revoltado, porque eles (os garimpeiros) trazem doenças, são violentos, matam nossos parentes. A PF tem a responsabilidade de impedir as invasões — cobra Davi.

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