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Carta do Missionário Carlo Zacquini ao Papa Francisco

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Papa Francisco,

Querido Papa Francisco,

Sei que você não pode se permitir passar uns dias em uma aldeia Yanomami, como fez o rei da Noruega, mas talvez pudesse sugeri-lo a alguns dos descendentes de europeus ou de pessoas de outros Continentes, que povoaram este “grande” País, o Brasil, e o estão tornando uma potência mundial, não somente no futebol, no carnaval, .... mas , em tempos mais recentes, na economia.

Talvez, se alguma Rousseff, Hoffmann, Adams, Padilha, Mercadante, Alves, ..., em suma, e somente para dar algum exemplo de nomes tomados ao acaso, se algum deles, dizia, quisesse passar uns dias numa aldeia yanomami, até sem ser forçado a comer macaco ou outra comida que o pudesse deixar constrangido, começaria a entender porque um bom número de pessoas, e não somente missionários ou antropólogos, aprecia estas populações e suas culturas. Também a leitura do Relatório Figueiredo, que voltou à luz recentemente, poderia ajudá-los a entender alguns aspectos, nem seria necessário que lessem outros escritos, de séculos atrás, de alguns de seus antepassados, para entender quanto, todos nós, somos devedores destas populações.

Talvez, então, nesse caso, começassem a entender que as manifestações de repúdio e de revolta que ecoam nos meios de comunicação, especialmente aqueles alternativos, não são efeito de alucinações de alguns exaltados (ou fanáticos), não ocultam misteriosos interesses de multinacionais, nem ao menos estão ligados a interesses econômicos pessoais, mas vislumbram o bem das populações indígenas e aquele do restante da Humanidade. Davi Kopenawa, líder Yanomami, diz com frequência: “Não há outros mundos, só há um”.

Como pode um País, no qual a esmagadora maioria se diz Cristã, tratar os direitos humanos dessa forma? Mas não são somente aqueles que nos preocupam; nós pensamos também no futuro da Vida, no bem viver de toda a humanidade. Afinal, o Brasil faz parte dela!

Obrigado Papa Francisco por ter lido essas poucas linhas; eu sei que você gosta de nós!
Com respeito e carinho.

Eu sou Carlo, um pobre missionário na Amazônia, no meio dos Yanomami há quase cinquenta anos.
Carlo Zacquini
Missionário da Congregação Consolata