• Home
  • Notícias
  • CAMPOS NOVOS: DSEI-Y diz que índios fugiram de conflitos

CAMPOS NOVOS: DSEI-Y diz que índios fugiram de conflitos

Fonte FBV: http://www.folhabv.com.br/Editorias.php?id=1

AMILCAR JÚNIOR

jo_claudete

A coordenadora do Distrito Sanitário Yanomami (DSEI-Y), Joana Claudete, afirmou ontem que os 40 índios Yanomami que ocuparam a quadra de uma escola estadual na região de Campos Novos, em Iracema, na semana passada, abandonaram a comunidade Maimase, na região do Catrimanhi, devido a conflitos com outros povos indígenas, e não por malária e falta de comida, como os próprios índios denunciaram à Folha.

Claudete nega a existência de surto de malária naquela região e ratifica o controle da doença. Apenas para enfatizar, conforme a coordenadora, o trabalho de controle da malária na região foi intensificado. Tanto é que, em 2011, a Missão Catrimani apresentou aproximadamente 250 casos de malária, mas no ano passado houve uma redução para 42 casos positivos.

Já em 2013, até o momento, foram registrados apenas três casos de malária na comunidade de Xexena. Esses casos foram importados da região do Ajarani devido às idas e vindas dos indígenas. “E na comunidade de Maimase não há um caso sequer de malária registrado”, destacou a coordenadora.

Sobre a suposta migração dos índios da tribo Maimase, que teria sido motivada pela falta de alimentos, a coordenadora explicou que, como estão em conflito com os índios do Ajarani, aqueles Yanomami não entram mais na selva para caçar nem vão pescar por medo de serem atacados de surpresa. “Eles também deixam suas plantações e acabam abandonando a aldeia”, explicou.

A comunidade Maimase faz parte do pólo base da Missão Catrimani. Neste pólo, a Secretaria Especial de Saúde Indígena (Sesai) mantém uma equipe composta de enfermeiros, técnicos de enfermagem e equipe de endemias. Com isso, oferece a assistência básica necessária à comunidade. Contudo, a Maimase não possui um pólo base específico por se tratar de uma comunidade pequena, mas recebe periodicamente a visita dos profissionais da saúde indígena do DSEI Yanomami.

Conforme Claudete, são enviadas mensalmente equipes de profissionais capacitados em controle da malária que realizam ações como: busca ativa (investigação de casos de malária), diagnóstico precoce e tratamento imediato, borrifações intradomiciliares, nebulizações espaciais, limpeza de criadouros e vigilância epidemiológica.

Ao ser identificado o paciente com malária, a equipe de enfermagem imediatamente inicia o tratamento, supervisionado até a conclusão. E depois de sete dias são realizadas lâminas de verificação de cura para saber realmente se o paciente foi curado.

Sobre a matéria publicada ontem na Folha, página 6, onde a AGU afirma que vai denunciar o Governo Brasileiro para a corte internacional, a coordenadora esclarece que não existe a citada inanição nos índios Yanomami da Maimase.

“Os 60 índios da comunidade Maiamase, que fazem parte do pólo base da missão Catrimani, não estão sofrendo de inanição. Médicos estiveram naquela área atendendo durante todo o mês de janeiro e fevereiro. O que está acontecendo é que os índios da região estão em conflito entre si e, com isso, grande parte dos índios se esconde na mata, não tendo condições de plantar ou caçar, ficando desnutridos. E, muitas vezes, procurados pelas equipes de atendimento da Sesai, não são encontrados”, frisou.

Sobre a suposta negligência do Ministério Público Federal (MPF) e a corrupção no DSEI-Y, com o indevido pagamento de diárias, denunciadas ontem pelo procurador responsável da Seção Indegenista da Advocacia Geral da União (AGU), Wilson Précoma, a coordenadora preferiu não se manifestar.