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Projeto Mandala: Um demonstrativo de produção planejada e diferenciada

Projeto Mandala: Um demonstrativo de produção planejada e diferenciada (PDF)

 

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Em contradição ao discurso político de que a homologação em área contínua da Terra Indígena Raposa Serra do Sol é o maior entrave para o desenvolvimento do Estado de Roraima no que diz respeito à produção agrícola, os estudantes do Centro Indígena de Formação e Cultura Raposa Serra do Sol (CIFCRSS), antiga Missão do Surumu buscam mostrar, por meio do projeto de implantação do Sistema de Plantação em Mandala, que tal discurso não tem fundamento e que é possível contribuir com o desenvolvimento do Estado de forma sustentável, planejada, preservando o meio ambiente e respeitando os conhecimentos e saberes tradicionais dos povos indígenas.

Um demonstrativo do Projeto Mandala foi implantado no Centro Regional Lago do Caracaranã, região da Raposa, município de Normandia e esteve aberto a visitações durante a 42ª Assembleia dos Povos Indígenas de Roraima, realizada no período de 11 a 15 de março pelo Conselho Indígena de Roraima (CIR). No encerramento do evento todos os tuxauas e lideranças visitaram o local.
A implantação iniciada em fevereiro deste ano contou com a participação de cinco estudantes do Centro Indígena de Formação, das áreas de agropecuária, gestão e manejo ambiental, que realizaram a atividade do plantio de algumas mudas num período de apenas um mês. Nesse campo, foram plantadas 50 espécies entre hortaliças, frutíferas, madeiráveis e plantas medicinais.


O campo destinado ao projeto tem uma área de 26 m², com 44 canteiros e 9 metros de comprimento, além de uma maloca construída para abrigar animais caprinos, suínos e outros de pequeno porte. Na espécie de hortaliças foram plantados: tomate, alface, cebola, maxixe, batata e macaxeira; na medicina tradicional: anador, babosa, gengibre, hortelã e boldo; frutíferas: laranja, abacaxi, graviola e melancia; e madeiras: buriti, açaí e cedro.


O líder indígena Jacir José de Sousa, Macuxi da comunidade indígena Maturuca, visitou o local do projeto e manifestou satisfação em relação à iniciativa dos alunos em apresentar resultados da formação adquirida no Centro Indígena, servindo como exemplo a outras terras indígenas, assim como mostrar ao Estado às possibilidades de uma agricultura diferenciada que venha a atender as necessidades e realidades das comunidades indígenas.


Além da perspectiva de mostrar a potencialidade de produção, os estudantes e lideranças indígenas também buscam dar visibilidade aos resultados da formação obtida no Centro Indígena nos diversos campos voltados à sustentabilidade e autonomia, bem como o fortalecimento social, político e cultural dos povos indígenas.


O Centro Indígena de Formação e Cultura Raposa Serra do Sol, localizado na comunidade indígena Barro, região Surumu, em 2005 foi alvo de destruição e ameaças cometidas por invasores devido à homologação em área contínua da TI Raposa Serra do Sol, e com o lema “queimaram e destruíram nossas casas, mas não destruíram nossos sonhos”, os jovens estudantes, lideranças e parceiros da causa indígena permanecem unidos e fortalecidos na luta em defesa dos direitos dos povos indígenas, uma luta que dura mais de 40 anos.


Texto e fotos: Mayra Celina (CIR)