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ISA Roraima e HAY promovem encontro com a senadora Angela Portela

Fonte: http://www.socioambiental.org/nsa/detalhe?id=3738

A convite do ISA, a parlamentar do PT/RR esteve na subsede da instituição em Boa Vista, para uma reunião com a equipe do ISA/RR e a diretoria da Hutukara Associação Yanomami (HAY). Na pauta, invasões na TI Yanomami, garimpo ilegal e geração de energia eólica no estado

Ao assumir seu mandato, a senadora Angela Portela colocou na agenda a diversidade social e ambiental em Roraima, abrindo espaço para a discussão de temas relevantes para os povos indígenas e a sustentabilidade no estado. Durante o encontro, no último dia 4 de março, a HAY enfatizou a necessidade de retirada dos fazendeiros da região do Ajarani, localizados no limite leste da Terra Indígena Yanomami (saiba mais). Informou ainda que Funai já concluiu os trabalhos administrativos e definiu indenização pelas benfeitorias que foram construídas de boa fé. No entanto, os fazendeiros se recusam a receber o valor definido e desocupar a TI.

ISA e HAY solicitaram à parlamentar que intercedesse para colocar fim a esta invasão que já dura mais de vinte anos após a homologação da TI, que causa enormes danos e prejuízos. É que além de impedirem os Yanomami de usar a área em que estavam em 1992, os fazendeiros invadiram e desmataram novas áreas adjacentes. A região está sob forte pressão de colonização e a permanência dos fazendeiros é também incentivo para novas invasões.

Falta de qualidade no atendimento à saúde

Em relação ao garimpo, a senadora foi informada que a HAY considera uma vitória os avanços obtidos pela Funai e Polícia Federal que, por meio da Operação Xawara, utilizaram serviço de inteligência para investigar os empresários financiadoresda atividade e a cadeia de comercialização de ouro ilegalmente explorado. ISA e HAY mencionaram a importância da continuação de operações como esta encerrando esta atividades criminosa permanente contra os Yanomami e Ye´kuana, que causa enormes prejuízos à Roraima e à União.

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O líder Davi Yanomami fez um longo relato sobre a falta de qualidade no atendimento à saúde, que apesar de dispor de vultuosos recursos federais, não consegue prestar um serviço de qualidade. Davi relatou a constante falta de medicamentos nos postos, a paralisação por anos da formação de agentes indígenas de saúde e o excesso de remoções de pacientes da aldeia para a cidade por falta de infraestrutura adequada nos postos. Angela Portela se comprometeu a conversar com o Secretário Especial de Saúde Indígena (Sesai), Antonio Alves.

Outro ponto de interesse tratado foi a realização do Projeto Cruviana, uma parceria entre o ISA, Conselho Indígena de Roraima (CIR) e a Universidade do Maranhão, para medir o potencial de geração de energia eólica e solar para eletrificar a região das Serras da Terra Indígena Raposa-Serra do Sol.

Ciro Campos, do ISA, informou que o estudo dos ventos na região foi iniciado em fevereiro, com a instalação de três torres para medir o vento e o sol. No momento da instalação o vento estava a 11 m/s (40 km/h) e o sol marcava 1360 watts/h/m/s, o que é considerado bastante promissor.

Energia eólica como alternativa

ISA e Funai estão em contato com o Programa Luz Para Todos para disponibilizar estes primeiros resultados e contribuir com o governo federal na busca por uma solução sustentável e diversificada para geração de energia na região. Além do Projeto Cruviana, o governo federal também analisa a construção de minihidrelétricas na região.

Foi sugerido que o governo federal fortaleça o estudo dos ventos, com a instalação de outras torres, como forma de tornar o estudo mais breve e consistente. Entre os estados com grande potencial para energia dos ventos, de acordo com o Atlas do Potencial Eólico Brasileiro, Roraima é um dos poucos que ainda não têm um mapeamento dos ventos em escala local. O estudo na Raposa-Serra do Sol é o primeiro sistemático sobre os ventos em Roraima. Estes estudos e considerações são relevantes para a senadora diante dos interesses envolvidos na construção da hidrelétrica do Bem Querer, no Rio Branco, poucos quilômetros abaixo da capital do estado, Boa Vista. De acordo com a Empresa de Pesquisa Energética (EPE), a área a ser alagada pela usina é de 560 km2. Ou seja, área semelhante à que será alagada pela usina de Belo Monte, no Rio Xingu, no Pará, para gerar dez vezes menos energia.

A conversa foi considerada produtiva para todos e ISA e HAY esperam manter outras reuniões que são de interesse para a garantia dos direitos dos povos indígenas e o desenvolvimento sustentável do Estado de Roraima.


ISA, Instituto Socioambiental.